Acho que já contei uma das passagens do damista Hilton, morador de Mesquita, RJ, muito bem humorado e de força mediana no esporte intelectual, mas nunca é demais repetir esse capítulo.
Como dizia, Hilton era um sujeito muito brincalhão. Certa vez apareceu um adversário para uma partida amistosa e ele estava meio atarefado. Pediu paciência à pessoa porque teria que resolver um problema na fábrica.
– Vai resolvendo esse probleminha de duas pedras contra duas pedras que não me demoro.
Armou a posição no tabuleiro e se foi…
– Como é, resolveu o problema das duas pedras?
– Difícil, não consegui não…
E rindo gostosamente, entre baforadas do seu inseparável charuto, Hilton arrematou:
– Se você não sabe jogar sozinho com duas pedras, como quer jogar comigo com doze?
O tal probleminha, ou melhor, final de duas pedras contra duas pedras, fazia parte do livro de Waldemar Bakumenko, Jóias do Jogo de Damas, que passamos a transcrever tal como no livro se encontra.
Eis uma posição onde, com tão reduzido material, se demonstra um dos mais importantes princípios do jogo de damas: o valor das casas centrais do tabuleiro.
1. f4-g5! b8-c7 2. g5-h6! …
Magnífico e único lance para ganho.
2. … c7-b6
Se 2. … c7-d6 3. c5xe7 a5-b4 4. e7-f8D b4-ce 5. f8-b4 x.
3. c5xa7 a5-b4 4. a7-b8 b4-c3 5. b8-f4! c3-b2 6. f4-e5!
e as pretas não podem coroar a pedra.